Viagens na Minha Terra - Almeida Garrett
O objectivo inicial era perceber se o Viagens na minha terra era a reputada seca do secundário. Confesso que me surpreendeu que a leitura não activou a memória. Começo a pensar se li o livro na escola.
Garrett intercala reflexões pessoais sobre o contexto histórico, político e literário da época com uma história que é considerada o epogeu do romantismo em Portugal. Está tudo lá: o idealismo, o amor à natureza, o idealizar da mulher pura... E todavia é tão estranho porque o próprio Garrett critica frequentemente o romanesco.
É inegável que as descrições das terras foram um pouco chatas. Fez-me lembrar o Nossa Senhora de Paris de Victor Hugo, com as suas imensas descrições das ruas e ruelas de Paris e da sua arquitectura e das suas críticas às intervenções arquitectónicas da época. Tudo isso encontra-se também no Viagens na minha terra.
Mas é igualmente inegável que saltar essas partes é perigoso. Faz-nos perder pequenas jóias como as reflexões sobre a guerra e a natureza humana.
Quanto à secção que conta a história dos amores e desamores de Carlos, Joaninha, Georgina, Júlia, Laura, Soledade... este Carlos era muito dado. Ou talvez o problema dele fosse que não se dava, verdadeiramente, a ninguém.
Mas a culpa é aqui a personagem principal e Frei Dinis carrega-a do princípio ao fim com abnegação. É ela o fio condutor e a razão de ser de uma reviravolta na história que confesso, surpreendeu-me.
Em suma, sinto-me muito satisfeita por ter embarcado nesta viagem. Estou determinada a incorporar mais clássicos portugueses nas minhas leituras e a abandonar o preconceito do "são chatos".
Assim terminou a nossa viagem a Santarém; e assim termina este livro.
Fiz uma leitura compartilhada com a autora do blog A mulher que ama livros.
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