Sombras Queimadas, de Kamila Shamsie
Já estava na estante há muito tempo. Provavelmente comprei-o por ter sido finalista do Prémio Orange. Nesse ano, venceu Marilynne Robinson, com Home, o segundo livro da trilogia Gilead.
Kamila Shamsie, uma autora paquistanesa, leva-nos de Nagasaki a Nova Iorque, passando por Deli e Karachi.
9 de Agosto de 1945. Nagasaki. Hiroko Tanaka sai para a varanda e absorve a paisagem de socalcos que conduzem ao céu. A rapariga de 21 anos, embrulhada num quimono com três grous pretos estampados nas costas, está apaixonada pelo homem com quem vai casar, Konrad Weiss. Num milésimo de segundo o mundo fica branco. Depois explode ao som do fogo e com o horror da tomada de consciência do que aconteceu. No entorpecimento consequente ao explodir da bomba que oblitera tudo o que ela conheceu, apenas restam as queimaduras em forma de ave nas suas costas, uma memória indelével do mundo que perdeu.
Este é início do livro que acompanha a vida de Hiroko, que depois de sobreviver à bomba atómica, procura a família do seu noivo, criando com esta laços que transcendem tempo e espaço.
As interacções entre os membros das duas famílias, acaba por determinar, até de forma trágica, a vida dos seus membros.
Um dos pontos que mais me suscitou interesse, foram os contextos históricos: o fim da ocupação britânica da Índia, a sua divisão em Índia e Paquistão, o luta dos Mujahedin na guerra contra os soviéticos, os campos de treino, o pós-11 Setembro.
No fundo, os vários conflitos que acompanharam duas gerações de uma família.
Considerando a forma como todos estes conflitos afectam a nossa vida actualmente, porque não existem mais livros sobre o médio oriente e a sua riqueza cultural, contexto histórico e geográfico e conflitos?
(continua)