"Não se esqueçam de mim"
António de Lobo Antunes esteve no Palácio de Belém, a convite do Presidente, para uma sessão com alunos do secundário.
Vi a notícia casualmente, já pronta para sair de casa, a achar que o ALA estava um pouco mais velho, quando ele se despede dos jovens com um "não se esqueçam de mim". E senti que esta pequena frase resumia um universo de inseguranças.
Um colosso da literatura, perante um grupo de crianças diz "não se esqueçam de mim".
Emocionou-me essa insegurança. Emocionou-me até às lágrimas.
Fiquei a pensar no pouco que é lido, quando é, na realidade, o espelho de uma geração pós-25 de Abril, que não consegue esquecer os traumas de uma guerra brutal. Fiquei a pensar no pouco que o tenho lido.
Daqui a nada estamos a homenagear o morto, a evocar a obra deixada. Será tarde de mais. Ele não estava a pedir que não se esquececem dele depois da morte, mas hoje.