Quero, Quero, Quero, Quero.
«De acordo com a matéria provada, a vítima tentou despistar o seu agressor, que a perseguiu de carro. Ele violou-a dentro do carro dela, usando de força e ameaça, segundo o acórdão. O coletivo desvaloriza totalmente os impactos de uma agressão deste tipo, apesar de esta ser uma violação entre desconhecidos/as, à noite, num local ermo, com recurso a armas, preenchendo, portanto, diversos mitos da violação. Ainda assim, o tribunal considera que o episódio terá sido apenas um incidente desagradável, sem consequências de maior na vida desta jovem. Até porque, de acordo com o tribunal: ‘O facto de a ofendida, antes de abandonar o lugar onde ficou livre do arguido, ter anotado a matrícula do automóvel daquele, pela presença de espírito que revela, é pouco compatível com um grande abalo psicológico.’»
— Acórdão do Tribunal da Relação do Porto, 2007
O novo livro de Isabel Ventura guiará os leitores por entre o caminho tortuoso da incompreensibilidade de decisões judiciais como esta. «Medusa no Palácio da Justiça ou Uma História da Violação Sexual» chega às livrarias em Março.