Poesia/Prosa de Maria Teresa Horta
O livro é duplo, de um lado a prosa, com uma antologia de contos, e do outro a poesia. Depois de ler As Novas Cartas Portuguesas em que Maria Teresa Horta é co-autora, fiquei com imensa curiosidade em ler outros títulos da autora.
A antologia de 8 contos é absolutamente sublime. Do erotismo a fazer corar os mais púdicos, à sensualidade que trepassa todas as páginas, às psicoses, à fantasia de alguns contos, à poesia de que parece ser feita a prosa, e as mulheres como denominador comum em todos eles.
Minha caça.
Tu deslumbras-me e metes-me medo pelo imenso poder que manténs sobre mim, abrigando-me e apartando-te, recolhendo-me e largando-me, como uma futilidade caprichosa, cruenta, amando-me para logo me negares. No esquecimento de como a minha antiga natureza geniosa me leva à rebeldia e à desobediência, à ruptura na pressa de desprender-me, de libertar-me, a ganhar terreno para melhor me esquivar, desatar os nós corredios que deste na minha sorte, mapa de traições e clausura.
Toda a poesia de Maria Teresa Horta, nesta compilação, versa sobre o amor e o erotismo.
Respirar na boca
as tuas poucas
palavras
Sabendo tão perto
de mim
os teus joelhos
E é aqui que surge o meu problema. Não me identifiquei com a poesia - ou não me identifiquei/senti o arrebatamento/paixão que li, ou não percebi - de todo - o conteúdo dos poemas. É uma falha minha, eu sei, mas tenho muita dificuldade em compreender o sentido figurado na poesia.
Maria Teresa Horta utiliza imenso as asas como metáfora, mas ainda não compreendi o que significa; percebo que tem qualquer coisa a ver com as mulheres como anjos, mas...
E porque a chuva faz lembrar "a rosa molhada dos teus pulsos"? Melhor dizendo, o que é a rosa molhada dos pulsos?
Quando leio poesia sinto-me entre a confusão: não compreendi por limitação minha, ou é demasiado abstracto para compreensão? Volto sempre à questão primordial: a poesia sente-se ou aprende-se?