O quinze - Rachel de Queiroz (I)
Há algum tempo que tinha O quinze, de Rachel de Queiroz no meu radar. Mas um vídeo do YouTube em Setembro fez-me colocá-lo na lista de livros a levantar na biblioteca.
O "quinze" refere-se à seca de 1915 que assolou o Ceará brasileiro:
Foram quase três anos seguidos sem chuvas, com perda de plantações, mortes de rebanhos e miséria extrema. A situação foi tão desesperadora, que famílias inteiras se viram obrigadas a migrar para outros estados, promovendo uma onda de imigrações.
A estes deslocados pela seca, foi dado o nome de retirantes e o flagelo foi tal que o governo brasileiro criou "campos de concentração" em que receberiam comida e cuidados primários. Porém a história diz-nos que estes campos tornaram-se simplesmente um local onde a fome, morte e a violência era protegida dos olhos dos mais afortunados.
É este o cenário de O quinze, de Rachel de Queiroz, publicado quando esta tinha apenas 20 anos de idade. Chico Bento é um trabalhador de fazenda, dispensado da mesma, com a sua família que incluía a esposa Cordulina, a cunhada e cinco filhos. A família, confiando em relatos de trabalho no Amazonas, embarga numa viagem a pé, em direcção a Fortaleza (cerca de 170 km).
Paralelamente, seguimos a história de Vincente e Conceição, ele um jovem proprietário determinado a lutar contra o impacto da seca na sua fazenda, enquanto cuida dos pais; e ela uma independentente jovem professora, generosa e apaixonada pelos livros, que recusa conformar-se a um casamento.