O crime no Expresso do Oriente - Agatha Christie
É bastante possível que tenha sido este livro, na minha adolescência, que me fez sonhar com uma viagem à volta do mundo, em comboio. Também pode ter sido A volta ao mundo em 80 dias, de Júlio Verne.
Acredito que um deles é culpado por este imaginário de cabines de comboio a percorrerem o mundo e a serem percorridas pelo mundo (dentro delas).
Talvez por isso, O crime no Expresso do Oriente fosse o único livro de Agatha Christie, do qual eu recordava o seu fim (ou melhor, recordava-me da resposta à pergunta "quem?"). Incrivelmente, a mestria da autora manteve-me presa ao livro do princípio ao fim. Comecei a ler esta tarde e terminei ainda hoje.
Com Agatha Christie, 236 páginas passam a correr.
Em pleno inverno, Poirot encontra-se em Istambul, decidido a tomar o Expresso do Oriente. Depois de uma noite mal passada, a sua tranquilidade é perturbada quando uma tempestade de neve obriga o comboio a parar e aparece o cadáver de um passageiro brutalmente apunhalado.
Dois pormenores que achei curiosos. O primeiro parágrafo, que nada de especial me diria, se não fossem as horríveis notícias da actualidade:
Eram cinco horas de uma manhã de inverno na Síria. O comboio, grandiosamente designado nos guias ferroviários como Expresso Tauro, estendia-se ao longo da plataforma de Alepo.
Depois, a curiosidade de um livro publicado em 1934, conter a seguinte frase, proferida por uma das personagens:
- Sim, já ouvi dizer Monsieur. Foi abominável... perverso! O bom Deus não deveria permitir estas coisas. Não somos assim tão perversos na Alemanha.
Como sempre, Agatha Christie não desilude e O crime no Expresso do Oriente é absolutamente fantástico.