O amigo devoto - Oscar Wilde
Hoje cumpri o desafio ler os clássicos 2020, ao ouvir Stephen Fry a ler um clássico de Oscar Wilde: O amigo devoto.
Na verdade, este conto é o primeiro da antologia Children's Stories by Oscar Wilde, que tinha disponível no Scribd.
A história começa com um pintaxorro a contar uma história sobre a amizade a um rato de água para quem, um amigo devoto é aquele que lhe seja devoto... a ele.
A história dentro da história começa com um pequeno e humilde agricultor, que tem por amigo um moleiro próspero.
Nas suas interacções, o moleiro recebe os frutos do trabalho do agricultor e este recebe a sua amizade na forma de recompensa emocional: a "amizade" do moleiro é a sua recompensa.
As contrapartidas (bens e trabalho gratuito) pela amizade do moleiro passam a ser cada vez mais exigentes, passando a ser um peso na vida do pequeno agricultor, que inclusive chega a adiar as suas tarefas para fazer o trabalho do moleiro.
No fim, a sua "devoção" irá destruí-lo.
Há muitas interpretações para este conto, mas dele eu retiro que uma amizade não é aquela que explora e que desaparece nos momentos mais difíceis.
A doença da minha mãe, em determinado momento da minha vida, serviu para separar o trigo do joio.
As pessoas a quem deixei de poder fazer favores (fruto da minha actividade profissional) desapareceram subitamente. São aquelas que só te ligam quando precisam de alguma coisa, por vezes, com vários anos de intervalo.
Quando comecei a dizer "não", vi rapidamente quem eram as verdadeiras amigas. E também passei a ter mais tempo livre e menos responsabilidades (que não eram minhas).