(Novas) Cartas Portuguesas
Porque foi no final de ano e porque foi a correr, ainda não havia dito umas palavrinhas sobre as Cartas Portuguesas atribuídas a Soror Mariana Alcoforado.
São cinco cartas que nunca saberemos se são verdadeiras, embora saibamos que a Soror Mariana Alcoforado e o seu romance com um oficial francês é uma história verídica. Já a autoria das cartas vem a ser discutida há muito.
A jovem Mariana foi encerrada em convento por decisão de sua mãe. Na verdade, ela foi deixada em testamento (da mãe) ao Convento da Conceição. Uma prática comum no séc. XVII e se pensarmos bem, ainda hoje os filhos pagam pelos pecados dos pais.
A jovem Mariana perdeu-se de amores por um oficial francês com quem teve uma relação carnal. Mas até o que se passa num convento e sabe e o escândalo estalou. A família dela era bastante poderosa e não deve ter ficado muito contente pelo que o jovem terá voltado ao seu país. Não mais voltou.
O que temos depois são 5 magníficas cartas de amor - dela - paixão, desilusão, súplica, desânimo, perdão, desespero, desprezo... está tudo lá. A crónica de um amor, do princípio ao fim e maravilhosamente escrito.
Depois, nada como entrar de cabeça nas Novas Cartas Portuguesas das três Marias: Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa.
As referências às 5 cartas e à Soror Mariana são frequentes e absolutamente maravilhosas. É prosa epistolar e poesia e algo mais. Em especial a poesia, tem-me obrigado a alguma ginástica mental. Mas o exercício faz bem ao cérebro.
Preciso de comprar uma cópia para a minha biblioteca. O livro é fascinante e puro empoderamento feminino.