Heroínas Portuguesas - Fina d´Armada
Fina d´Armada é o pseudónimo da historiadora Josefina Moreira, natural da Quinta d' Armada.
Dividido em três partes, dos períodos da expansão marítima ao estado novo, Fina d´Armada biografa mulheres que de destacaram por contrariar os espartilhos da sua época.
O flagrante esquecimento a que foram votadas, chega a ser chocante. Eu sei que, durante a escola, numa me falaram de Leonor de Menezes, um governadora de Ceuta, no séc.XV, ou da Infanta D. Beatriz que foi governadora da Ordem de Cristo por Bula Papal. E são histórias absolutamente fascinantes.
O período da expansão, com os seus heróis, sempre me foi apresentado no masculino. Que o continuem a fazer, é um sinal de que, como muitas vezes repara a historiadora, continuamos a ter de lutar por espaço na sociedade em que vivemos. Neste caso, a que os nossos (mulheres) feitos sejam tão celebrados como os dos homens.
Não resisto a citar um trecho, relativo à Infanta D. Beatriz:
(...) pela documentação dos arquivos dos Açores, ela governou o império atlântico melhor que o marido, até que o Infante D. Henrique. Não sou eu que o digo, mas a documentação estudada por Manuel Arruda.
A colonização açoriana iniciou-se em 1439, mas
- "A organização das capitanias só foi realmente uniformizada em 1474, no governo da Infanta D. Beatriz."
- "A administração desta Infanta foi de resultados práticos e imediatos."
- Durante o seu governo, as ilhas açorianas "mais povoadas revivem do estado de semi-abandono, ou melhor de inação, em que estiveram nos governos anteriores".
- "As capitanias das ilhas povoadas mais adiantadas - Santa Maria, São Miguel, Terceira - tomam um carácter novo e são organizadas debaixo do mesmo plano que fora adoptado nas suas congéneres do Arquipélago da Madeira".
- "Na colonização açoriana desenvolve, com a sua energia e espírito de organização e disciplina, a regularização administrativa das capitanias destas ilhas... as dadas das sesmarias, os forais, e almoxarifados e as organizações eclesiásticas uniformizam-se durante o seu governo.
Não é um livro prefeito, com algumas secções excessivamente repetitivas e trechos em que a sua voz/opinião eram (para o meu gosto pessoal) eram demasiado intrusivas. Mas trataram-se de situações pontuais porque a escrita é fluída e a leitura muito agradável.
É inquestionável que o livro foi (para mim) um abrir de portas. Cada capítulo um novo tema a explorar, um novo livro para ler.