Gabriela, cravo e canela - Jorge Amado
Antes de mais, tenho de agradecer à Bárbara que me incentivou a começar por Gabriela, cravo e canela (por não ter Capitães da Areia).
O livro é absolutamente magnífico e, desde o momento em que peguei nele, não o consegui pousar, tendo-o lido num dia (ou dois, se considerarem que já me deitei às 2h00).
Gabriela, cravo e canela é uma história de vários amores e do amor a uma cidade. Há uma Baía que reconhecemos das telenovelas: os comerciantes, os coronéis, as amantes mantidas, os jagunços, um todo imaginário social que é absolutamente delicioso de ler.
Até há a jovem, que lê O crime do Padre Amaro, apesar de ser um livro considerado imoral. Também encontramos em Gabriela, cravo e canela uma crónica dos costumes.
A personagem Gabriela é absolutamente fantástica, a natureza no seu estado puro, com o progresso da cidade como pano de fundo. Há quem a tente mudar, educá-la, mas Gabriela é indomável, como o vento que acaba por contornar os edifícios, mas que não pode ser parado.
Gabriela chega à cidade e logo encontra trabalho com Nacib, um próspero comerciante de origem síria que, de imediato, fica rendido aos temperos da nova cozinheira. E quem diz temperos, diz a sua beleza, o seu cheiro a canela, a sua sensualidade e a forma carinhosa como o trata: moço bonito.
O cheiro de cravo,
a cor de canela,
eu vim de longe
vim ver Gabriela.
Um dos pontos fortes deste livro é, sem dúvida, a forma como Jorge Amado consegue cruzar o desenrolar da relação de Gabriela e Nacib como a evolução da sociedade local.
Um ponto negativo (muito pequenino) é um pormenor no fim (que naturalmente não posso discutir convosco). Uma coisinha pequenina... que já está perdoada.
O livro é magnífico e merece muito ser lido.