Eça de Queiróz - O Crime do Padre Amaro
A leitura de Janeiro/Fevereiro do Clube dos Clássicos Vivos foi O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queiróz, que estava naquele grupo de livros que todos temos: sabemos a história, mas nunca lemos a obra.
Estava entusiasmada por voltar a Eça de Queiróz e não fiquei desiludida. O Crime do Padre Amaro é o Eça de Queiróz que fomos habituadas na escola: crítico, acutilante e destruidor do clero.
O que desconhecia e só fiquei a saber com a leitura de O último Eça, de Miguel Real, é que o livro teve três versões, que vão do naturalismo (1875) a uma adesão mais realista (1880). Curiosamente, foi aí que li que, um dos capítulos que me soou "caído de para-quedas" na obra, em que Eça critica a França, foi precisamente uma adição posterior.
A história é mais que conhecida de todas: entre intrigas e ódios, entre sacerdotes e beatas, há uma história de amor entre um padre e uma jovem. Claro que o "história de amor" é uma expressão usada aqui com muita liberalidade.
Não me surpreendeu que muitas pessoas mencionem não gostar do livro, porque as personagens são odiosas. Eça de Queiróz não nos deixa o conforto emocional de alguém a que nos possamos agarrar, por quem torcer. Como na vida real, os mais fracos sofrem e os mais poderosos progridem. Era assim em 1875 e é assim em 2017.