A porteira, a madame
e outras histórias de portugueses em França
Este é mais um retrato da série de livros da FFMS.
Neta, filha e familiar de emigrantes, alguns deles que foram "a salto" para a França nos anos 70, tinha algum interesse neste pequeno livro.
Ir a salto, ou seja, de forma clandestina, era uma verdadeira viagem de sobrevivência, como retrata este testemunho:
Grande parte do caminho até França seria feita a pé. "Acho que a viagem durou uns 23 dias, mas perdemos a noção do tempo." (...)
"Nunca na minha vida passei tanta fome. Chegámos a lutar uns com os outros por comida. Transformámo-nos em animais." (...)
"O frio era tanto, o martírio foi tão grande durante aquela semana a caminhar pelas montanhas, que se eu tivesse encontrado um polícia espanhol rendia-me e pedia para voltar", garante. "O sentimento que mais recordo é o medo. Em certas ocasiões fomos deixados um ou dois dias abandonados. Pensávamos que íamos morrer ali."
Não me surpreendeu muito, confesso. Muitas das histórias, por proximidade, já as conhecia.
Mas algumas são verdadeiramente hilariantes, outras devastadoramente tristes. Há casos de sucesso, mas também de insucesso. Com testemunhos do dono da Altice, a relatos dos que têm vergonha de voltar sem as riquezas associadas aos emigrantes.
Tenho aprendido muito, com estes pequenos/grande livros.