A livraria - Penelope Fitzgerald
Aqui está um género bastante apreciado: livros sobre livros, com o bónus de ter menos de 200 páginas. Podem acrescentar à vossa lista de livros que se lêem num dia.
Tinha-o na estante há muito, mas acabei por ler in extremis, por causa do filme, não fosse apetecer-me ir ver a magnífica Patricia Clarkson. E curiosidade em ver o filme aumentou depois de ler o livro, pois confrontando o trailler com a leitura, claramente tomaram liberdades com a adaptação.
Numa pequena vila costeira, Florence Green decide abrir uma livraria contra tudo e contra todos.
Estamos 1959 e Florence é uma viúva com um forte sentimento de independência e empreendedorismo, que decide abrir uma livraria. Mas Penelope Fitzgerald não nos apresenta uma livreira romântica, esta é uma mulher de negócios.
(...) sou uma retalhista e não fui educada para compreender as artes e não sei se um livro é uma obra-prima ou não.
O livro em discussão é Lolita de Vladimir Nabokov e Florence discute se o deve ou não encomendar para a loja. Quem decide a questão é o verdadeiro amante de livros, o ermita Edmund Brundish, que surgindo pontualmente na história, é uma personagem incontornavelmente adorável.
Não tão adorável, mas igualmente presente, é o fantasma que habita a livraria e a casa anexa onde Florence habita. Provavelmente uma manifestação física das forças que a querem afastar do local, por puro capricho, para exibirem os seus pequenos poderes.
A capa procura romancear aquilo em que a autora, vencedora do Booker Prize (Offshore, 1979), recusou ceder. E ainda bem, porque a originalidade é tão rara como necessária.
Fico com a referência que é uma autora a ler na integralidade.