A gente de July - Nadine Gordimer
Nadine Gordimer, sul africana, venceu o Prémio Nobel da Literatura em 1991. Foi também uma activista anti-apartheid e A gente de July (1981) foi um dos livros banidos pelo regime.
Ficará para leituras futuras um segundo livro banido - Burger's Daughter - que não consegui arranjar e que seria a leitura do #NobelWomen de Março.
Voltando a A gente de July (1981), não admira que a obra tenha sido banida porque a história ficcionava o fim do apartheid através de uma revolta civil em que os negros derrotavam o regime através de violência.
Durante a revolta e temendo pelas suas vidas, uma família liberal decide fugir com os seus filhos, ajudada pelo seu criado - July, que os leva para a sua aldeia nativa, embrenhada na floresta, onde vive a sua família.
Os habitantes da aldeia acolhem os estranhos brancos, com um misto de sentimentos e a família vê-se obrigada a uma nova vida, numa casa de terra batida, em que os assentos de um jipe são a cama dos filhos. Entre os patrões e o criado, surgem novas formas de relacionamento, tensões e forças de poder.
Com apenas 189 páginas, este livro é um retrato vivido dos conflitos da África do Sul, sem que Nadine Gordimente tenha deixado descurado a humanidade, com personagens a serem confrontadas com memórias do passado e decisões que afectam o seu futuro e até a sua sobrevivência.
Depois de ler O Convervador, com que a autora venceu o Man Booker Prize, pensei que tivesse lido o melhor da autora, mas A gente de July fez-me querer ler toda a sua obra, algo que o primeiro não conseguiu.